Origens
O Museu da Música teve suas origens em fins da década de 1960, quando o então Arcebispo de Mariana, D. Oscar de Oliveira, iniciou a reunião de antigos manuscritos e impressos musicais localizados na cidade. A maior parte desse material encontrava-se no Palácio Arquiepiscopal, na época anexo à Igreja de São Pedro dos Clérigos. Posteriormente, juntou-se ao mesmo um volume de documentos musicais que estava encerrado na Catedral.
Paralelamente, D. Oscar passou a tomar contato com arquivos de corporações musicais ou de famílias de músicos de cidades vizinhas, estimulando sua doação à Arquidiocese. O primeiro arquivo recebido foi oferecido por José Henrique Angelo (descendente de uma família de músicos da cidade de Barão de Cocais), despertando o interesse de musicólogos como Francisco Curt Lange já em 1969.
Enquanto a organização física da coleção de Mariana fora iniciada por Maria Ercely Coutinho, com a colaboração de Vicente Angelo das Mercês, o arquivo proveniente de Barão de Cocais começou a ser organizado e catalogado pelo musicólogo paranaense Pe. José de Almeida Penalva, o qual apresentou, em 1972, o estudo que se tomou o modelo de organização do Museu da Música.
A partir de uma visita ao acervo, realizada em julho de 1972 pelo musicólogo Luís Heitor Correa de Azevedo, a convite de Lauro Morais, então diretor do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, surgiu a idéia de propor a D. Oscar de Oliveira a retomada das pesquisas no importante acervo por ele reunido. A proposta foi encaminhada ao Arcebispo por Luís-Heitor, juntamente com Rubens Romanelli, Berenice Menegale, Venicio Mancini e Maria da Conceição de Rezende. Acolhida a solicitação, esta última acabou assumindo as tarefas de organização, catalogação e estudo do acervo, as quais seriam realizadas ininterruptamente por doze anos.
O trabalho de Conceição Rezende foi o que, efetivamente, permitiu o surgimento oficial do Museu da Música, inaugurado no arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana em 6 de julho de 1973, com a presença de autoridades da Igreja e do Estado. Conceição Rezende iniciara a organização da coleção no ano anterior, dedicando-se principalmente aos documentos originários da cidade de Mariana, e tomando como base o trabalho realizado no arquivo de Barão de Cocais por José Penalva.
A partir dessa fase, passou a ser incorporada ao Museu da Música uma grande quantidade de manuscritos, cuja doação foi fruto do incentivo de D. Oscar. Em alguns casos, a própria Conceição Rezende intermediou a doação ou compra de documentos musicais.
Em 1976 foi realizada a microfilmagem de parte dos manuscritos do Museu da Música (cujos fotogramas encontram-se na Pontìficia Universidade Católica do Rio de Janeiro), para a elaboração do catálogo O ciclo do ouro (1978), que relaciona manuscritos musicais e outros documentos históricos de onze acervos mineiros e cariocas. Os papéis de música, entretanto, continuavam a chegar e, na década de 1980, já eram procedentes de cerca de 30 cidades mineiras Conceição Rezende, no entanto, encerrou seu trabalho no Museu da Música durante o 1 Encontro Nacional de Pesquisa em Música (Mariana, 1 a 4 de julho de 1984), ocasião na qual D. Oscar providenciou o registro jurídico da instituição. Além de uma organização física, a pesquisadora deixou no Museu da Música catálogos, fichários e uma considerável quantidade de anotações manuscritas, que ainda hoje orientam os pesquisadores na consulta do material.
Em seguida, o Museu da Música foi transferido para o novo Palácio Arquiepiscopal, à Praça Gomes Freire, começando a receber consulentes interessados na pesquisa e divulgação do patrimônio musical brasileiro, os quais foram se tomando cada vez mais numerosos a partir do final da década de 1980.
A partir de janeiro de 2001, foi reunida a equipe responsável pelas atividades de reorganização, catalogação e edição no Museu da Música, constituída pelos pesquisadores Paulo Castagna (São Paulo), André Guerra Cotta (Belo Horizonte), Alulzio José Viegas (São João dei Rei), Carlos Alberto Figueiredo (Rio de Janeiro), Marcelo Campos Hazan (Rio de Janeiro), Vítor Gabriel de Araújo (São Paulo) e Maria Teresa Gonçalves Pereira (Mariana).
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